Acorda e dá uma conferida no Whatsapp (lá se vão uns 20 minutos vendo a vida alheia…). Liga a TV pra fazer companhia enquanto se arruma. Entra no carro e sintoniza até aquela estação preferida. Chega no trabalho e lê as manchetes do portal local (o Acorda Cidade, é claro!) Vai visitar um cliente e folheia a revista enquanto aguarda. Sai pra almoçar e percebe aquela promoção destacada sobre a mesa.
Hora de voltar pro trabalho. No caminho vê aquele outdoor anunciando uma casa dos seus sonhos. Enquanto isso o rádio continua ligado, você dá uma conferida no Instagram, enquanto espera abrir o sinal (cuidado, a cidade está cheia de câmeras ).
Agora, começa a trabalhar de novo. De noite tem academia e o cartaz lembra a você sobre a inscrição naquela corrida… De volta pra casa, percebe que precisa se distrair um pouquinho… você não assume pra qualquer um, mas não perde o capítulo da novela (no ar, Pantanal… Não tem como perder mesmo!). Depois o vício naquela série antes de dormir. Cai a madrugada. Amanhã começa tudo outra vez.
Você, assim como eu, não fica fazendo esse roteiro do dia a dia de forma consciente… mas com as devidas dinâmicas de todo dia, é assim que acontece com você, comigo e com seu cliente. Mas vamos falar só dele agora, afinal, estamos aqui para entender como ele é, onde ele está, o que ele lê, o que ele vê, o que ele ouve, por onde ele “navega”.
Pelo amor de Deus, se você é empresário entenda: é pra ele que vamos fazer qualquer propaganda ou ação de comunicação. PRA ELE, NÃO PARA VOCÊ. Parece óbvio demais escrever sobre isso, mas desde sempre profissionais de comunicação se deparam com questões como: ninguém mais assiste televisão, ninguém tem tempo para ir para o cinema, no trânsito tá todo mundo distraído e ninguém enxerga a placa de outdoor, todo mundo hoje está nas redes sociais. Quem é esse ninguém? Quem é esse todo mundo?
Se você é empresário, profissional liberal, gestor, estudante, ou seja lá quem você for, considere alguns pontos importantes ao discutir a estratégia de comunicação com sua agência de propaganda:
-naquela avenida por onde você nunca passa, tem gente passando todos os dias. Não é seu caminho de casa, mas tem gente que mora ou trabalha por ali;
-aquela revista que fica na recepção das clínicas médicas não serve só de enfeite. Tem gente que lê matérias interessantes e vê sua propaganda enquanto espera durante toda a manhã;
-sabe a televisão aberta? Os índices de audiência continuam crescendo… e, no primeiro semestre de 2022, 79% do tempo em que eu, você e quem mais a gente conhece estava dentro de casa, foram usados assistindo TV. Não sou eu quem está dizendo isso, são dados de uma pesquisa – Inside Video 2022, estudo da Kantar Ibope Media. Não é por acaso que R$ 8,96 bilhões de reais foram destinados a esse meio em 2021;
-e escutar rádio no mundo dos aplicativos de música? Sim, por que não? Acontece que 46% da nação ouve o bom e velho rádio no carro, em casa, no trabalho sintonizando ali no dial (tá, eu sei que quase ninguém usa mais essa palavra, mas vale saber que significa, ok?):
(di.al) s.m. (substantivo masculino) 1. Dispositivo de sintonia em um receptor de ondas de rádio, composto de botão giratório, capacitor de sintonia e escala de frequência. Fonte: dicionariocriativo.com.br/significado/dial. Fonte: dicionariocriativo.com.br/significado/dial
Mas tem uma parcela crescente – 12% dos brasileiros, que adotaram a versão digital, o que inclui os podcasts, inclusive. Ainda segundo o Ibope, 51% usam alguma, ou as duas, modalidades – aí que tá o tchan da questão: a gente vai agregando experiências… nem todo mundo tá no Spotify nem ninguém tá com o radinho de pilha pendurado a tiracolo (aqui em sentido figurado… a propósito, os radinhos de pilha resistem, hein?)
-o cineminha que você acha caro e questiona por conta das plataformas de streamings, de acordo a ANCINE – teve público de 48,3 milhões de pessoas em 2021. Em 2022, até a presente data, o filme “Top Gun: Maverick” ultrapassou a marca de 2 milhões de espectadores em território nacional, conforme mencionado por diversas publicações especializadas (nem estamos levando em conta aquele rostinho lindo, corpo malhado e o charme dos cabelos grisalhos… é que o filme é massa mesmo!)
-a internet (mesmo muita gente ainda não contando com acesso a ela – pasme, mas é verdade!), também só cresce. Públicos de todas as idades consomem mídia na rede, buscando informações e entretenimento. A internet é o lugar da pesquisa detalhada, da comparação entre as marcas, da conferência sobre a reputação. É aqui que navegamos em busca dos pormenores, é aqui que conseguimos impactar diversas vezes o público com nossas mensagens. Sim, quanto mais a gente impacta, mais chance temos de convencer o consumidor (desculpa aê, a gente persegue as pessoas na rede mesmo. É isso: numa hora somos perseguidores, em outra somos perseguidos! É por um bom motivo – juro!). Não é à toa que as agências de comunicação e os anunciantes vêm colocando fermento aí: no último ano, a internet já representou 33,5% da verba do bolo publicitário.
O fato é que seu cliente está em vários lugares ao mesmo tempo. E os meios de comunicação já sabem disso tem é tempo! Hoje somos multi, temos pressa, queremos mais e mais rápido. Por isso estamos com o olho na internet e na televisão ao mesmo tempo. Por isso vemos um outdoor e ouvimos rádio enquanto dirigimos. Por isso a gente quer conteúdo e busca (ou pelo menos deveria buscar) fontes seguras.
Da próxima vez que for definir a mídia para seu cliente, converse com os profissionais de uma agência de propaganda, e confie da orientação deles. Talvez você não conheça a estrutura de uma empresa de comunicação, mas vale a pena conhecer para entender esse universo. Numa agência tem muita gente pensando, pesquisando e desenvolvendo ideias que farão seu cliente chegar primeiro e mais rápido até sua marca. A agência também é um espaço multi, cheio de gente discutindo multipossibilidades.
Soraya Macêdo
Publicitária formada pela Ucsal e pós-graduada em Gestão Empresarial pela Uefs, diretora da Formato Ideias, 22 anos de experiência no mercado publicitário, 15 anos lecionando em faculdade e formando novos profissionais, e 18 anos à frente da agência e aprendendo coisas novas ainda hoje.